quarta-feira, 6 de abril de 2011

Reflexão de Mt 6, 24-34

Optar pelo Deus verdadeiro e não se preocupar

Esta perícope do Evangelho faz parte da explicação didática do Sermão da Montanha (Mt 5-7) e enfatiza a opção por Deus e pelo seu Reino de justiça e paz. Essa opção é superior a toda preocupação que tenhamos, e deve caracterizar a prática dos novos cidadãos do Reino de Deus. Jesus nesta perícope (trecho) faz duas advertências importantes:

1- A opção pelo único Deus verdadeiro

O dinheiro exerce grande poder sobre as pessoas e Jesus quer nos alertar para o seu poder escravizador. Deus e o dinheiro são colocados como duas opções. Em tal opção não há neutralidade nem porcentagem. Deus e o acúmulo de dinheiro são realidades que não combinam. Deus ajuda e liberta; o dinheiro escraviza, atraiçoa e divide. Se você cultua um desprezará o outro, se viver com um esquecerá do outro. Não há lugar no nosso coração para dois senhores. Os cidadãos do Reino devem fazer uma opção entre os tesouros efêmeros e os tesouros do céu, entre as trevas e a luz, entre Deus e o dinheiro. Para Jesus, não há como servir ao verdadeiro Deus e ao deus mamon, que é o deus do dinheiro e da cobiça cultuado por muitos povos vizinhos de Israel. Ele é um rival que não tem como conciliar com o Deus verdadeiro, que é generoso em dar, e que ensina o mesmo. Deus quer do povo culto exclusivo, pois a cobiça é idolatria. A verdade é que aquele que tem cobiça não possui, mas é possuido por seus bens e desejos.

Desta forma, por dinheiro poderia ser entendido, num sentido mais amplo, qualquer coisa que ocupe em nossa vida o lugar de Deus; qualquer coisa que prestamos culto, que direciona a nossa vida ou que se torna nosso senhor (nós mesmos, trabalho, culto ao prazer, as pessoas etc). E por rico, a pessoa apegada ou que tem a vida repleta ou escravizada por essas coisas; a pessoa que coloca o sentido da vida nestas coisas. O que o Evangelho quer de nós, então, é que façamos a opção correta: optar por Deus e pelo seu Reino, pela sua justiça. O homem não consegue ser livre e feliz se ele não tem Deus como seu Senhor, se Jesus não for o princípio e fim de sua vida, o seu salvador. Essa escolha se torna visível no meu cotidiano, a partir das pequenas coisas. Deus é meu Senhor, quando as pessoas podem ler na minha vida o seu Evangelho.

2- Não vos preocupeis

Jesus fala no evangelho para quem se deixa dominar pelas preocupações com o futuro, a comida e a aparência. A palavra de Deus é advertência e estimulo à confiança na Providência Divina. Deus não abandona seus filhos. Não há o que preocupar, ele cuida dos lírios, dos pássaros, os veste, os alimenta. Nunca se ouviu dizer que um pássaro tenha morrido de fome, a não ser que esteja engaiolado, sob cuidados desatentos do homem. Quando Jesus convida a contemplar os pássaros e os lírios, não está sugerindo a preguiça, o desinteresse e a acomodação diante dos problemas da vida; não está ensinando para não se preocupar no sentido de abolir o trabalho, o sacrifício, o estudo ou o empenho na busca dos objetivos a que nos propomos; não está menosprezando a criatividade e o investimento. Ele quer realçar a ação e a atuação do Pai celestial, pois é Ele que os alimenta e os veste; é Ele que cuida. Quer mostrar que o empenho na busca de soluções para os problemas da vida não deve turvar a alegria e a paz de viver, ou romper a confiança em Deus. Pelo contrário, as dificuldades que causam ansiedade devem fortalecer a confiança de que a vida está nas mãos de Deus. Ele jamais abandona seu povo, acompanho-o sempre, abençoa seus esforços e seus compromissos em vista de uma vida melhor.Ele nunca se esquecerá de nós.

Jesus sem negar a preocupação com a alimentação, com o bem-estar e o vestir, ressalta a solicitude com tudo o que constrói o Reino de Deus. O próprio Filho de Deus buscou, em primeiro lugar, fazer a vontade do Pai, instaurando um Reino de justiça e de paz. É ele que nos convida a confiar mais em Deus e na sua Providência. O que Deus quer para nós e tudo que precisamos. Quando buscamos sinceramente a Deus e revelamos na nossa vida um proceder confiante na sua providência, então Deus governa em nós e cuida de nós. E ai, não há o que se preocupar.